30 outubro, 2010

fora e dentro


Fez uma lista de tudo que queria mostrar, pra que talvez entendesse um pouco das coisas de lá, até um pouco da sua cabeça. Porque era nítida a diferença: ela se criou pra ser de fora, pra ser das coisas, dos objetos, das minúcias, dos detalhes endiabrados; ele não. Foi criado pra ele mesmo, praquela adoração constante do"admirar sendo", ela tinha muito pouco disso. E quer a explicação? Com certeza, foi o mundo ao redor. Aquele lugar chato, frio e igualitário era bem diferente do calor infernal, do crescimento vertical da bagunça na qual ela sempre viveu. Nesses dois ambientes, às vezes, criam-se loucos. Eram dois loucos. Ponto em comum e por isso se encontraram. Porém, dois tipos de loucos de diferentes. Ela o entendia em qualquer lugar, com qualquer pessoa, e mesmo que falasse em francês (porque é tudo latim). Agora, não era sempre que ele a entendia. Não entendia suas músicas, ou quando estava muito nervosa e não entendia as palavras que escapuliam pela boca durante o sono. Ele olhava, e sempre vai olhar, pra dentro. Ela olha e vai olhar pra fora, sempre também.

Agora a lista se encontra num caderninho vermelho, dentro das gaveta das coisas que poderiam ter sido e não foram por algum motivo. Ainda sim, sente falta daquela casa...

Um comentário:

Carlinha disse...

Eles nunca nos entendem... e muitas vezes parecem não fazer a menor questão de entender mesmo...